Palavra de Deus: Ezequiel 34,11-12.15-17; 1Coríntios 15,20-26.28; Mateus 25,31-46.
A cada ano, as empresas fazem seu balanço para perceberem se estão tendo lucros ou prejuízos, para corrigirem erros e melhorarem seu desempenho. Isso vale também para a vida de qualquer pessoa. No final de cada ano, precisamos parar para perceber em que direção está caminhando a nossa vida, se estamos nos aproximando ou nos distanciando da meta proposta pelo evangelho, para perceber também o que deve ser confirmado e o que deve ser modificado em nós. O evangelho de hoje se apresenta como a ferramenta que nos ajuda a fazer esse balanço. Se no momento atual, tudo está disperso e cada um segue o seu caminho, no dia final da história da humanidade todos serão reunidos diante do Filho, a quem o Pai confiou todo julgamento (cf. Jo 5,22). Se agora tudo está misturado em nós - a luz e as trevas, o bem e o mal, a graça e o pecado - no último dia Jesus Cristo fará uma separação, porque só ele conhece o ser humano por dentro (cf. Jo 2,25), só ele é capaz de penetrar no espírito humano e discernir as intenções, os desejos, as razões que nos levaram a agir desse ou daquele modo. No momento do nosso julgamento, ficará claro que tiveram uma vida bem sucedida não os que percorreram a estrada do sucesso ou de uma vida farta de consumo, mas os que tiveram a coragem de percorrer a estrada do evangelho, estrada que passa pelo caminho onde se encontram os crucificados da humanidade, os que têm fome e sede, os que estão nus, doentes ou presos, os que são migrantes. A maneira como nos comportamos em relação a essas pessoas é a maneira como nos comportamos em relação ao próprio Jesus Cristo. Enquanto o sistema financeiro mundial destina bilhões de dólares aos bancos e banqueiros falidos, Jesus aponta para os bilhões e famintos e sofridos do mundo. Enquanto muitas igrejas disputam fiéis entre si, atraindo-os por meio da teologia da prosperidade, Jesus pergunta a nós, cristãos, o que temos feito em relação às injustiças sociais. Enquanto a nossa fé vive tão voltada para as nossas necessidades particulares, Jesus nos aponta para o sofrimento das outras pessoas (queda na doação de alimentos - indiferença dos jovens em relação a isso, falta de voluntários para a Pastoral da Criança, falta de membros para a visita aos doentes na Jesus Crucificado). Há quem veja na crise mundial uma oportunidade de que uma parte da humanidade seja exterminada "naturalmente", através da fome, o que "aliviaria" o Planeta Terra, que não suporta o atual nível de consumo. - os pobres - já que a Terra não comporta mais o nível de consumo do ser humano. Mas o evangelho aponta numa outra direção: a solução não é eliminar consumidores e sim modificar o nosso consumo. A questão não é se você é um privilegiado sobrevivente da crise mundial, mas o que você está fazendo para socorrer quem precisa ser socorrido. No meio de uma situação parecida com a atual, quando milhares de pessoas estavam dispersadas num dia de nuvens e escuridão, Deus disse: "Eu mesmo apascentarei o meu rebanho... Buscarei a perdida, reconduzirei a desgarrada, cuidarei da fraturada, restaurarei a abatida. Eu as apascentarei com justiça" (Ex 34,15-16). Você se dispõe a ser um voluntário de Deus nesta missão humanitária? Para nós, cristãos, o fim da história não é a sobrevivência de alguns poucos, mas a submissão de toda a humanidade à verdade do evangelho, sabendo que o fim se dará quando Jesus entregar a realeza a Deus Pai, depois de ter submetido tudo a seus pés. O último inimigo a ser destruído será a morte. Depois disso, o próprio Jesus se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24-28). É para este horizonte que nossos pés caminham, não para o buraco negro do mercado.
Deus te conceda um balanço consciente e uma boa semana! Pe. Paulo.