Aí galera, essa é uma nova tentativa de leva o pós crisma pra internet!!O nosso papel é ser evangelizado no pós e levar esse conhecimento ao mundo. A internet hoje, alcança um grande número de lares pelo mundo, vamos tentar fazer a nossa parte e levar um pouco desse Deus que conhecemos a todos!! Isso é possível através de fotos, vídeos e depoimentos da galera. Então pessoal, vamos postar!! Escrever, me mandem material, vou fazer o possível pra manter esse blog no ar o máximo de tempo. Mas sozinho é difícil, conto com a ajuda do Espírito Santo e de vocês pra levar um pouco mais de Deus para nossos irmãos na Net.

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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Buscar o essencial

Palavra de Deus: Mateus 22,34-40

Vivemos numa cultura de excesso: excesso de informações, de palavras, de imagens, de estímulos, de ofertas, de alternativas, de opções... Não temos tempo, nem condições, de digerir esse excesso. Então, precisamos procurar pelo essencial. Na época de Jesus, a religião judaica havia se contaminado pela cultura do excesso: os fariseus e doutores da Lei haviam transformado os 10 mandamentos em 613 normas e prescrições. Por isso, ali também se sentia a necessidade de saber o que era essencial. Perguntar pelo maior mandamento nada mais é do que perguntar pelo que é essencial na relação com Deus.
O que é, então, essencial na vivência religiosa? Jesus responde: "Amarás o Senhor teu Deus... Amarás ao teu próximo... Toda a lei e os profetas (isto é, toda a Bíblia) dependem desses dois mandamentos". Diante da resposta de Jesus, alguém poderia perguntar: "como é possível mandar alguém amar?". Só podemos compreender isso se entendermos que o amor tem suas exigências próprias: ele pede compromisso, fidelidade, constância, dedicação, sacrifício. Na verdade, amar não depende apenas de sentir amor, mas de comprometer-se com a pessoa e de fazer por ela o que é preciso, independente do que estamos sentindo no momento.
"Amarás o Senhor teu Deus". Só consegue amar quem fez a experiência de ser amado. No caso de Deus, a Escritura diz: "Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho..." (1Jo 4,10). Eu só posso amar a Deus se primeiro tiver um conhecimento íntimo do Seu amor por mim. É exatamente aqui que a "engrenagem" está enroscada em muitos de nós. Falta-nos uma experiência real do amor de Deus. Por isso, "amarás o Senhor teu Deus" soa como uma exigência externa, quando poderia ser uma resposta espontânea de todo o nosso ser Àquele que nos amou primeiro.
O essencial não é somente amar a Deus, mas amá-Lo "de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o entendimento!". Se você quiser fazer um exame a respeito disso, pergunte-se: que lugar Deus ocupa, de verdade, na minha vida? Quanto tempo eu dedico para a oração no meu dia-a-dia? Eu contribuo com o dízimo? Se sim, faço isso com alegria ou por obrigação? Na minha oração, eu busco a Deus por Ele mesmo ou por aquilo que espero que Ele faça por mim? Não se assuste com as respostas a essas perguntas. Para a maioria de nós, elas vão revelar que passamos a maior parte da nossa vida, inclusive religiosa, fazendo grandes coisas sem nenhum amor, quando o essencial é fazer pequenas coisas com um grande amor.
Depois de revisar como anda o nosso amor a Deus, Jesus nos pergunta como anda o nosso amor ao próximo. Ex 22,20-26 declara quem é o nosso próximo: o estrangeiro, a viúva, o órfão, o pobre, ou seja, é alguém de carne e osso, alguém que é a nossa carne, humano como nós, alguém que embora não tenha nenhum laço de sangue conosco, faz parte da nossa família humana e não dá para desviar o olhar e fazer de conta que ele não existe. Assim como os apelos do nosso próximo tocam o coração de Deus, eles devem tocar também a nossa consciência.
"Quem não ama seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê" (1Jo 4,20). Jesus declara que o amor a Deus é inseparável do amor ao próximo. Isso nos ajuda a questionar a maneira como a religião é vivida por muitas pessoas hoje: "eu e Deus", sem lugar para o próximo. O Documento de Aparecida pergunta: como se explica que o aumento do número de igrejas e de cristãos não diminua o aumento da injustiça, da violência e da corrupção? Como se explica que nós, cristãos, nos acostumamos com nossa sociedade injusta, corrupta, violenta, que continuamente desrespeita a dignidade humana, e continuamos a nos contentar com a nossa prática religiosa individual?
Há algo de muito errado nesse jeito moderno de viver a fé de maneira individualista. Buscamos a paz com Deus sem nos importar com a falta de paz na vida do nosso próximo. É certo que amar o próximo não é fácil, mas é preciso lembrar o que foi dito acima: amar não depende apenas de sentir amor, mas de comprometer-se com a pessoa e de fazer por ela o que é preciso, independente do que estamos sentindo no momento. Ainda que não seja possível simpatizar-nos com cada pessoa, nem gostar de cada pessoa, é possível superar antipatias e aversões, buscando edificar o Reino de Deus na sociedade humana.
"Aquele que não ama permanece na morte" (1Jo 3,14). Para evitar o sofrimento (decepção com Deus ou com as pessoas), estamos deixando de amar, estamos nos fechando em nós mesmos. Isso pode funcionar como preservação de si mesmo, mas não funciona como qualidade de vida. O sentido da nossa vida não está no quanto nos preservamos, mas no quanto nos doamos; não está no fato de fazermos grandes coisas sem nenhum amor, mas de fazermos pequenas coisas com um grande amor. Tão doentio quanto o amor que mata o outro, porque ele não me ama como eu exijo (morte de Eloá) é optar por não amar ninguém. Optar por não amar é optar por não viver. Pensemos nisso.
Tenha uma boa semana!
Pe. Paulo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O que pertence a César? O que pertence a Deus?

Palavra de Deus: Mateus 22,15-21
"Eu salvei você!". Essa era a foto do "Tio Sam", estampada na capa da revista Veja (24/09), a figura de um homem apertando nas mãos alguns dólares, para insinuar que o pacote que o governo norte-americano estava financiando iria salvar o mundo de um colapso. Uma semana depois a notícia precisou ser reformulada, pois o pacote não foi suficiente para acalmar o nervosismo dos investidores. Se a imprensa mundial trabalhasse com a verdade, a notícia real deveria ser: "Eu não posso salvar você!". Ele, o "Tio Sam", não pode salvar nem a mim, nem a você, nem a si mesmo; ele é apenas "um homem", um sistema humano cheio de falhas, injustiças e contradições. Talvez não haja entre nós alguém que faça investimentos na Bolsa de Valores. Mas a crise financeira, noticiada todos os dias pelos meios de comunicação social, tornou-se conhecida por todos nós e, mais cedo ou mais tarde, nos atingirá a todos. É o mundo financeiro "derretendo", como disse um economista. É César deixando cair a sua máscara de deus e revelando-se como um ídolo cujos pés são de barro. O evangelho nos fala que dois grupos opostos, os herodianos (serviçais da dominação romana) e os fariseus (contrária a ela) se uniram e armaram uma cilada, na esperança de fazer Jesus cair em contradição: "É justo ou não pagar o imposto a César?". Se Jesus respondesse "sim", seria visto como um opressor do povo; se respondesse "não" seria denunciado como subversivo político. Ele responde com uma outra pergunta: "De quem é a figura e a inscrição desta moeda (a moeda do imposto)?". Segundo historiadores, a inscrição seria "Tibério César Filho do Divino Augusto, Sumo Pontífice", mostrando as pretensões do Império Romano à divinização. Como eles disseram: "De César", Jesus respondeu: "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Assim, Jesus colocou para os seus ouvintes - e hoje coloca para cada um de nós - uma pergunta essencial: o que pertence a César, e o que pertence a Deus? César é o imperador. Houve uma época em que Israel não tinha rei. Deus era o seu Rei. Mas Israel quis ser "como os outros povos", quis ter um rei. O profeta Samuel se colocou contra esse desejo de Israel, mas Deus lhe disse: "Faça o que esse povo está lhe pedindo, pois não é a você que eles rejeitam, mas a mim, porque não querem mais que eu reine sobre eles" (cf. 1Sm 8,6-7). Com exceção do rei Davi, do rei Ezequias e do rei Josias, todos os outros reis que governaram Israel "fizeram o que era mau aos olhos de Deus", segundo 1-2 Reis. O resultado é que, na época de Jesus, Israel estava sem rei, debaixo da autoridade romana. Apesar de vivermos num regime democrático, vale a pena cada um se perguntar: debaixo de qual dominação eu me encontro? Quem foi o rei que eu escolhi para reinar em minha vida, no lugar de Deus? Deus de fato reina em mim ou o culto que presto a Ele é apenas uma forma de fazer prosperar no meu bolso a moeda de César? Dar a César o que é de César significa lembrar àqueles que nos governam que eles são administradores e não predadores do bem comum; a autoridade deles merece nosso respeito enquanto uma autoridade que se coloca a serviço da vida do povo, e não como dominação que manipula a vida humana segundo os interesses dos especuladores financeiros. Quando quis ver a moeda do imposto, Jesus precisou pedi-la aos que o interrogavam. Ele não tinha a moeda. Não tinha porque era pobre, porque sempre viveu como pobre. Não tinha porque sempre deu a Deus o que era de Deus. Não tinha porque o Pai sempre reinou em sua vida. Como cristãos, nós participamos da realeza de nosso Senhor Jesus. Na prática, isso significa lembrar que "rei é aquele que cria ordem em si, que estrutura não somente o reino exterior, mas também o âmbito interior de sua alma de uma forma boa... Rei é aquele que pára de responsabilizar os outros por sua situação e toma sua vida nas próprias mãos" (A. Grün). Dar a Deus o que é de Deus é permitir que Ele reine em nós e que o nosso mundo se torne reflexo do Seu reino de justiça e de paz. É assumir aquilo que rezamos no início da nossa celebração, neste dia mundial das missões: "a consciência de que (todos nós somos) chamados a trabalhar pela salvação da humanidade". E esta salvação começa a se fazer sentir em nossa história quando fica claro que a humanidade pertence a Deus e deve guiar sua consciência pelos critérios da Palavra de Deus; ela não pertence aos especuladores do mercado financeiro e jamais deve guiar sua consciência por eles. Deus conceda discernimento e liberdade suficientes para dar a César o que é de César e a Ele o que é d'Ele.
Boa semana!
Pe. Paulo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O lugar de Maria

Palavra de Deus: Jo 2,1-11

"Não há no mundo ninguém que não precise de uma mãe. Até o Filho de Deus teve os carinhos de uma mãe" (Anjos de Resgate, Mãe da fé). Todos nós nascemos biologicamente de uma mãe. Mas, seria possível dizer também que, no plano espiritual, todos nós temos uma Mãe? Hoje a nossa Igreja se volta para a mãe de Jesus, Maria, proclamada como Padroeira do Brasil, para nos ajudar a compreender melhor qual o papel de Maria na história da salvação e como podemos aprender com ela a ser discípulos de seu Filho Jesus Cristo.
Apesar do desejo de Jesus de que todos os cristãos sejam unidos, para que o mundo creia que o Pai o enviou (cf. Jo 17,20-21), a figura de Maria ainda é motivo de discussão, divisão e separação entre muitos de nós, católicos, e uma boa parte dos nossos irmãos evangélicos. Apesar de Maria ter proclamado: "todas as gerações me chamarão de bem-aventurada" (Lc 1,48), ainda existe muita polêmica em torno do nome de Maria, como se tivéssemos que fazer uma escolha: ou Maria, ou Jesus Cristo; ou Maria ou Deus. Mas, será que é correto ver Maria em oposição a Deus, quando ela mesma proclamou: "Minh'alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador" (Lc 1,46-47)? Será que é correto pensar que se queremos ficar com Jesus Cristo, temos que jogar Maria fora da nossa espiritualidade?
O evangelho de hoje (Jo 2,1-11) nos mostra Maria e seu Filho Jesus Cristo trabalhando juntos em favor da humanidade. As bodas de Caná retratam a imagem bíblica do casamento como expressão da união entre Deus e a humanidade. A falta do vinho, símbolo da alegria, mostra que o ser humano não está conseguindo ser feliz, pois sua união com Deus foi rompida pelo pecado. Maria, como mãe e mulher, é sensível ao que está acontecendo e pede a seu Filho que faça alguma coisa. Jesus responde que a sua hora de derramar o sangue (vinho novo) pela salvação da humanidade ainda não chegou, mas sua mãe insiste que se faça alguma coisa já ali, naquele momento, e diz aos servos: "Façam tudo o que ele vos disser".
Aqui aparece a grandeza de Maria. No evangelho segundo s. João, a figura de Maria aparece somente aqui e aos pés da cruz, quando será dada como mãe ao discípulo amado (cf. Jo 19,25-27). Jesus, que apesar de não chamar Maria de "mãe", mas de "mulher", usou o nome "mãe" ao confiar cada um de nós, seus discípulos, aos cuidados de Maria. E o que nos diz a nossa mãe? "Façam tudo o que ele vos disser". Maria não nos foi dada como mãe para tomar o lugar de Jesus Cristo em nossa vida, mas para nos remeter constantemente a ele, pois o verdadeiro discípulo é aquele que faz tudo o que o seu Mestre e Senhor lhe ensina.
Quando fazemos tudo o que Jesus nos ensina no seu evangelho, a nossa tristeza (falta de vinho) se converte em alegria (vinho novo). Mas a falta do vinho (alegria) em Caná pode nos dizer mais coisas. Talvez esteja nos faltando alegria porque não estamos sabendo cultivar nossas relações; porque nos acostumamos com a idéia de que as coisas sempre começam bem e sempre terminam mal; porque não sabemos lidar com a rotina; porque ficamos girando em torno dos nossos problemas ao invés de escutarmos aquilo que Jesus tem a nos dizer; porque não estamos dispostos a fazer o que Jesus nos diz... As razões podem ser muitas, mas é bom saber que, se decidirmos nos deixar orientar por aquilo que Jesus nos diz no seu evangelho, nossa água pode se transformar em vinho e o vinho novo (dom do Espírito que faz novas todas as coisas) dará um novo sentido para a nossa vida.
Qual é, então, a falta de vinho que você experimenta em sua vida, neste momento? O que foi que perdeu o gosto, o sentido, em você? O que "virou água"? Lembre-se do conselho de Maria: "faça tudo o que o meu Filho lhe disser". Encha a sua talha com aquilo que você quer que seja transformado, e leve até Jesus. Clame pelo Espírito Santo: "Então vem, Espírito Santo, com tudo o que tens e tudo o que és! Ó vem, Espírito de Deus, do alto de tua casa traz vinho novo aos odres meus!". Hoje é o Dia da criança. Muitas crianças não têm mais vinho (alegria) porque famintas e doentes; órfãs de pai, de mãe ou de ambos; sufocadas de bens materiais, mas desnutridas de valores autênticos; mimadas em excesso ou tratadas com violência; agredidas pela propaganda de consumo, pela pornografia precoce ou pelo estresse de seus pais; incentivadas a ter um lugar na sociedade competitiva, mas alheias ao lugar que Deus deveria ocupar em suas pequenas vidas... Também sobre elas vamos invocar o Espírito Santo de Deus...
A título de conclusão, nossa devoção a Maria deve apoiar-se no conselho do apóstolo Paulo: "Sejam meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo" (1Cor 11,1). Nossa espiritualidade mariana será autêntica na medida em que imitarmos Maria na sua obediência à Palavra (cf. Lc 1,38), na sua perseverança em relação à vida de oração (cf. At 1,14), no seu modo de lidar com os conflitos (cf. Mt 2,13-15.19-23), na sua preocupação com as necessidades do próximo (cf. Lc 1,39-56; Jo 2,1-5), no seu modo de lidar com a dor (cf. Lc 2,33-35; Jo 19,25-27), na sua capacidade de enxergar a vida de uma maneira mais profunda (cf. Lc 2,19.51) e na observância do seu conselho em fazermos tudo o que seu Filho nos disser (cf. Jo 2,5).
Bom domingo e boa semana!
Pe. Paulo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Visitando nossa própria vinha...

Palavra de Deus: Isaías 5,1-7; Filipenses 4,6-9; Mateus 21,33-43.

"Nós, apóstolos, somos colaboradores de Deus, e vocês são a plantação de Deus" (1Cor 3,9). Essa expressão do apóstolo Paulo nos ajuda a entender melhor o que Jesus acaba de nos falar no evangelho. Deus confiou sua plantação (seu povo) às mãos de agricultores (líderes políticos e religiosos judaicos) e espera colher os devidos frutos: uma vida onde haja justiça, dignidade e paz. Contudo, os responsáveis pelo cuidado da plantação se apossaram dela (tornaram-se pastores de si mesmos) e não entregaram os frutos para o dono da plantação. Por isso Jesus disse aos líderes religiosos da sua época: "o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos". Historicamente, o que vemos aqui é a passagem da religião judaica para a religião cristã, para o nascimento da Igreja, o novo povo de Deus.
Porém, nem mesmo a Igreja pode se ver tranqüila diante das palavras de Jesus, pois o evangelho está alertando para o fato de que nenhum povo, nenhuma igreja, nenhum líder religioso pode assentar-se no trono de seu domínio e achar-se possuidor do reino. Deus destitui toda autoridade, civil ou religiosa, que ao invés de conduzir seu povo à vida, o deixa caminhar para a morte. Todavia, o apelo do evangelho não se dirige apenas às autoridades, e sim a cada um de nós, plantação de Deus. Podemos ver nele, então, um apelo global e também individual.
Apelo global. A vinha de Deus pode ser identificada com o planeta Terra, cuidadosamente criado pelo Pai e colocado nas mãos dos filhos para ser cultivado. Contudo, segundo Is 5,5-6, a cerca foi desmanchada, o muro foi derrubado (perda de proteção da camada de ozônio, perda dos limites para a exploração de certos bens). Consequentemente, os animais selvagens passaram a devastar a vinha (nós mesmos, seres humanos, com o nosso consumo "selvagem"). Essa vinha não é mais podada, nem lavrada (não aceitamos podas, limites para o nosso consumo). Assim espinhos e sarças tomaram conta dela (poluição, lixo, aquecimento global...). Diante disso se coloca o apelo de Deus: ou mudamos nossa conduta, ou a vinha (Terra) será tirada de nós e dada a um povo que cuide melhor dela. Aliás, alguns cientistas dizem que a Terra, com as reações próprias da natureza, está se encarregando de expulsar dela seu maior predador, o ser humano...
Num apelo mais individual, o evangelho nos lembra de que cada um de nós é uma plantação de Deus. Desse modo, cada um pode se perguntar: de que forma eu permiti que a minha cerca e o meu muro fossem derrubados, e que os animais selvagens (a presença das drogas, do álcool e outras substâncias químicas) me devastassem assim? A partir de quando eu não aceitei mais ser podado(a), corrigido(a), a ponto de ser infestado(a) de espinhos e sarças, tornando-me uma pessoa agressiva, violenta, sem escrúpulos, banal, estranho(a) a mim mesmo(a)? A reportagem da Revista Veja (29/09) sobre o comportamento dos jovens da classe média em relação ao risco de contaminação da Aids reflete a imagem de uma vinha que não se importa em ser tomada por espinhos e sarças...
As palavras do Salmo 80 servem de oração para nós, no dia de hoje: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a!... Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para nós, seremos salvos!”. Esta oração fala de conversão, assim como as palavras de Jesus: “o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” nos convidam à conversão. Conversão significa ter a coragem de visitar a nossa própria vinha e ver os estragos que o nosso comportamento destrutivo tem causado nela.
Hoje é uma boa ocasião para cada um de nós visitar a sua própria vinha. Como está o muro, a cerca? Como estão as minhas defesas diante do mal? Como está o respeito para com os meus próprios limites? Tenho permitido que pessoas, idéias, atitudes destrutivas tenham livre acesso ao interior da minha vinha? Em todo terreno não cultivado crescem espinhos e sarças. Tenho cultivado minha vida de oração? A palavra do apóstolo Paulo nos convida hoje a apresentar a Deus as nossas necessidades em oração, para que a paz dele, que ultrapassa todo o entendimento , guarde os nossos corações (cf. Fl 4,6-7). A oração é o espaço que damos a Deus, para que Ele visite a nossa vinha e nos ajude a cuidar melhor dela. Rezar é permitir que a mão do Jardineiro reconstrua a cerca e reerga o muro da nossa vinha. Rezar é permitir que a mão do Jardineiro nos ensine novamente a cultivar o terreno da nossa vida, para que, ao invés de espinhos e sarças, produzamos os frutos do reino de Deus. A oração tem esse poder de tirar a nossa vinha das mãos dos animais selvagens e devolvê-la a nós, como seus verdadeiros administradores.

Deus te abençoe no cultivo da sua própria vinha, e que Ele encontre os frutos que tem buscado em você.
Pe. Paulo.