Aí galera, essa é uma nova tentativa de leva o pós crisma pra internet!!O nosso papel é ser evangelizado no pós e levar esse conhecimento ao mundo. A internet hoje, alcança um grande número de lares pelo mundo, vamos tentar fazer a nossa parte e levar um pouco desse Deus que conhecemos a todos!! Isso é possível através de fotos, vídeos e depoimentos da galera. Então pessoal, vamos postar!! Escrever, me mandem material, vou fazer o possível pra manter esse blog no ar o máximo de tempo. Mas sozinho é difícil, conto com a ajuda do Espírito Santo e de vocês pra levar um pouco mais de Deus para nossos irmãos na Net.

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Atualizar nosso "sim"

Palavra de Deus: Mateus 21,28-32
Há um refrão bíblico, inspirado no Salmo 19, que diz: "A Palavra de Deus é a verdade; sua Lei, liberdade". Uma vez que no dia 30 deste mês celebramos o Dia da Bíblia, é importante resgatarmos hoje essa noção bíblica da Palavra de Deus como "Lei da liberdade" para nós. A Palavra de Deus é a verdade, a verdade que nos liberta (cf. Jo 8,32); contudo, ela é a verdade que não nos violenta; é a verdade que quer dialogar com a nossa liberdade. Diante do que Deus nos fala, portanto, nós sempre temos a liberdade de dizer: "sim, meu Pai, quero fazer a tua vontade", ou "não, meu Pai, eu não quero fazer a tua vontade". Deus não se impõe; Ele se propõe. Se no evangelho de domingo passado, o Reino dos céus era expresso no convite "Ide trabalhar na minha vinha!", no evangelho de hoje esse convite reflete o quanto Deus respeita a nossa liberdade: "Filho, vai trabalhar hoje na vinha!". A primeira coisa que aprendemos no evangelho de hoje é que para Deus todos os homens são Seus filhos, inclusive aqueles que O rejeitam, aqueles que Lhe dizem "não". A segunda coisa é que o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo é aquele que faz a vontade do Pai, vontade expressa nas palavras de Jesus. O povo de Israel - representado aqui pelos sumos sacerdotes e pelos anciãos - aparece na parábola como o filho que disse "sim", mas não fez a vontade do Pai: Israel disse "sim" (cf. Ex 19, 8), mas não cumpriu com a sua palavra (cf. Jr 2,20). Já os pagãos - representados aqui pelos cobradores de impostos e pelas prostitutas - aparecem como o filho que disse "não", mas que depois se arrependeu e mudou de atitude. De propósito, este evangelho nos provoca um questionamento: com qual dos filhos me identifico atualmente? Embora teoricamente eu seja discípulo(a) de Jesus Cristo, na prática tenho dito "sim" ou tenho dito "não" à vontade do Pai? O apóstolo Paulo diz que Jesus nunca foi "sim" e "não", mas somente "sim" ao Pai (cf. 2Cor 1,19-20). Contudo, ninguém de nós pode dizer a mesma coisa de si mesmo(a). Então, quando eu sou "sim" e quando eu sou "não"? Na nossa maneira de pensar, o filho bom é aquele que sempre diz "sim". Mas, muitas vezes, o filho bom não é tão bom quanto pensa ser. Seu "sim" é às vezes, fruto da covardia em questionar o que o Pai está lhe pedindo. Muitos profetas não disseram "sim" a Deus num primeiro momento. Questionaram, debateram, tiveram brigas sérias com Deus, e só depois que estavam convencidos, é que aderiram à vontade do Pai. Às vezes o nosso "sim" não é sincero. Enquanto dizemos "sim" com a boca e mantemos a aparência de bom filho ou boa filha, por dentro sufocamos a nossa agressividade e não deixamos com que a nossa sombra venha à tona. Mas todo "sim" dito dessa forma cedo ou tarde vai se confrontar com um forte "não". E aí precisamos questionar se, de fato, queremos dizer "sim" ao Pai. Muitas pessoas passam anos dizendo "não" a Deus. Aos nossos olhos, elas não têm salvação. Mas pode acontecer que essas pessoas um dia reflitam melhor, percebam as conseqüências do seu "não" e tomem a coragem de mudar de atitude, dizendo "sim". Essas pessoas podem estar na nossa frente no reino de Deus, ou seja, podem entrar primeiro que nós no Reino, pois a resposta delas não foi fruto de "fazer as coisas por fazer", sem pensar ou sem a coragem de questionar a vontade de Deus, mas fruto de um amadurecimento interior e de uma redefinição do modo de viver.
Seja o nosso "sim", seja o nosso "não", a resposta que damos ao que Deus nos fala na Sua palavra sempre tem conseqüências. E a questão fundamental é como lidamos com essas conseqüências. Além disso, o "sim" pode se converter em "não" e o "não" em "sim". Normalmente a mudança do "sim" em "não" é fruto da incapacidade de atualizar o "sim". Ontem eu disse "sim" a Deus e me casei, ou me tornei padre, ou decidi seguir uma religião, ou resolvi abraçar um projeto de voluntariado, etc. Mas hoje a realidade é totalmente outra e todas as mudanças que ocorreram do ontem para o hoje estão colocando novas alternativas para mim, novos valores - ou quem sabe, contra-valores - e aí é hora de eu revisar o meu "sim". Um "sim" que não passa por crises e por sérios questionamentos perde a razão de ser, com o tempo. Teoricamente pode continuar a "falar", mas, na prática, o que "fala" é o "não". O que é bonito neste evangelho é a importância que Deus dá ao nosso hoje, ao nosso agora. Não importam as respostas que demos ontem; importam as respostas que estamos dando hoje; importa o rumo que estamos dando hoje à nossa vida. É bonito o modo como Deus se aproxima de nós: "Filho, Filha...". Ele não chega a nós com violência, nem com ameaças: "E aí, seu 'isso', sua 'aquilo'; você vai continuar a me desobedecer, a me dizer 'não'"? Não. Ele fala conosco a partir de dentro, a partir de uma palavra que diz quem somos para Ele hoje, independente da resposta que lhe demos ontem: "filho", "filha". E assim Ele se propõe a nós: "Vai trabalhar na vinha hoje!".
"Vai trabalhar na vinha hoje!" pode ser traduzido como: "vai retomar o 'sim' que você abandonou por ter ficado doente, por não ter compreendido como Eu pude tirar de você quem você mais amava, por ter desistido de pagar o preço que o seu 'sim' exigia de você naquele momento... Vai, abraça novamente a cruz do seu 'sim', como meu Filho Jesus abraçou a Sua. Vai viver o seu dia de hoje procurando perceber em cada acontecimento, em cada desafio do seu dia, qual é a minha vontade para você. Vai! Não se julgue e não se condene pelo 'não' que você disse até ontem. Aceite o seu passado como o modo como a minha misericórdia conduziu você até aqui. Acolha o seu presente, acolha o seu hoje como o momento onde você pode dizer o seu 'sim' de uma maneira nova, mais consciente, mais madura, mais a partir de dentro. Vai, revise hoje a maneira como você viveu, perceba se as suas atitudes durante o dia foram de acordo com a minha vontade, e decida-se em dizer 'sim' no dia de amanhã, abraçando essa nova oportunidade que a minha graça quer lhe oferecer. Vai, e viva hoje a sua liberdade em comunhão com a Minha verdade".
Tenha uma boa semana!
Pe. Paulo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Músicas Católicas

Olá pessoal nosso blog está muito massante com muito texto, pois isso procure e encontrei algumas músicas da Toca de assis para conhecermos mais das músicas católicas também. Aproveite e conheça o site da Toca de Assis.
Sou um adorador
A primeira que comungou

Adoramos o verbo

Louvores sejam dados a Ti Jesus


Adoremos Jesus

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Trabalhar pelo Reino

Palavra de Deus: Isaías 55,6-9; Mateus 20 1,16
Santa Teresa Couderc nos dá um conselho para a vida de oração: "Deixa-te modelar. Tu não sabes o que Deus fará de ti". Rezar nada mais é do que colocar-se como barro nas mãos de Deus, o Oleiro, e deixar-se modelar por Ele. Parece fácil, mas como é difícil isso! É difícil porque temos as nossas resistências internas. É difícil porque, quando rezamos, já temos nossa imagem de Deus formada em nós, e a nossa maneira de rezar é a nossa forma de estabelecer o caminho pelo qual Deus virá a nós e nos atenderá. Porém, sempre chega o momento em que a oração "trava", não funciona mais, e o motivo é simples: Deus está querendo nos mostrar que os pensamentos e os caminhos dele não são os nossos. A palavra de Is 55,8 é, na verdade, uma palavra que liberta. Como vimos na semana passada, uma das razões pelas quais nos ferimos é o fato de estarmos fechados naquele beco estreito da nossa maneira de enxergar a vida (nossos pensamentos) e de fazer as coisas (nossos caminhos). Deus então nos convida a sair daqueles esquemas rígidos que não estão mais funcionando, que não estão nos ajudando a ter a vida que Ele quer para nós. Talvez você pergunte: "Mas, quais são os pensamentos e os caminhos de Deus?". O evangelho responde a isso. Ao falar sobre o "reino dos céus", Jesus nos ensina como o Pai entende a vida. Na época em que este evangelho foi escrito, ele respondia a um problema prático. Os pagãos convertidos começavam a entrar na comunidade (igreja) e muitos cristãos de origem judaica (os trabalhadores que foram contratados de madrugada e que suportaram o cansaço e o calor do sol o dia todo), tinham dificuldades em aceitá-los em pé de igualdade - eram trabalhadores "da última hora". Para nós, talvez o evangelho responda a outras questões mais atuais. A maioria de nós passa a vida "trabalhando para os outros", ou trabalhando para sobreviver, para ter o que comer, beber, vestir e dinheiro para se divertir. Qual o sentido do nosso trabalho? Já que passamos a maior parte do tempo no trabalho - e quem mora em cidades grandes passa boa parte do tempo indo para o trabalho - é importante que nos perguntemos pelo sentido que o nosso trabalho dá à nossa vida. Outra questão: no mundo em que vivemos, a pessoa vale pelo que produz. Por isso, são "descartados" os idosos, doentes, portadores de deficiência, etc. Para Deus, o patrão da parábola de Jesus, a pessoa vale pelo que é. Sua dignidade está acima do que ela tem condições de produzir. O valor de uma diária (moeda de prata) é dado também ao que trabalhou só uma hora porque também essa pessoa precisa manter a dignidade da sua família, através do trabalho. Vale lembrar que os que trabalharam somente uma hora o fizeram porque ninguém os havia contratado antes, e não porque não queriam trabalhar. Mas, o que significa trabalhar pelo Reino? Significa tornar o mundo aquilo que Deus sonhou para o ser humano: um lugar de justiça, de vida, de paz, de fraternidade, de felicidade. Significa ajudar a implantar no coração humano, lugar onde Deus de fato quer reinar, os valores do evangelho. Certamente você conhece pessoas que, no passado, acreditaram no ideal do Reino e por ele lutaram, mas hoje "aposentaram o evangelho" e decidiram viver outros valores. Talvez elas se cansaram de "nadar contra a correnteza". Outros passaram a vida toda alheios ao Reino, "muito ocupados em não fazer nada" (2Ts 3,11). E você? Qual é a sua idéia de "reino dos céus"? Qual é o seu envolvimento com esse projeto de Deus para a humanidade? Que imagem surge em você, quando pede ao Pai "venha a nós o vosso Reino"? Enquanto procuramos trabalhar pelo Reino, construir o Reino, é importante permitirmos a Deus de construir Sua obra em nós, o que significa "edificar-nos". Enquanto tentamos modelar ao menos o pequeno mundo que nos circunda segundo os valores do evangelho, é importante nos deixar modelar pelo Espírito de Deus. O exemplo que Jesus usa para falar do Reino é o trabalho numa vinha, numa plantação de uva. Vinha supõe cultivo e cultivo supõe paciência e dedicação. As uvas não brotam na hora em que queremos. Da mesma forma, não somos nós que "fabricamos" o Reino; não podemos controlar a maneira do Pai fazer o Seu Reino crescer em nós e no meio de nós. Por isso, também aqui vale o conselho: "Deixa-te modelar!".
Deus te conceda uma abençoada semana! Pe. Paulo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O crucifixo

Palavra de Deus: Números 21,4-9; João 3,13-17.

Um dia, numa paróquia em que trabalhei, um cristão não católico perguntou a um católico, que teve um de seus filhos atropelado e morto por um caminhão, se ele pegaria uma parte da lataria do caminhão que matou seu filho e a colocaria na parede para lembrar a morte do filho. Da mesma forma, disse, a imagem de Cristo na cruz é um grande absurdo, uma abominação para Deus. O diálogo entre esses dois homens nos faz pensar no significado do crucifixo para nós hoje, dia em que celebramos a Exaltação da Santa Cruz. Na Europa tem surgido muita discussão sobre a retirada dos crucifixos das salas de aula, por "respeito" aos alunos muçulmanos. Aqui no Brasil, o Banco do Brasil ordenou a retirada dos crucifixos das suas agências. Algumas igrejas evangélicas têm a imagem da cruz em seus púlpitos, mas sem a imagem de Cristo pregada nela, pois alegam que, se Ele ressuscitou, não tem sentido a imagem do Crucificado. Tudo isso nos leva a perguntar: qual o significado da imagem de Jesus Cristo crucificado para nós, hoje? Conforme nos fala o texto de Nm 21,4-9, a imagem de Jesus na cruz começou a ser "rascunhada" muitos séculos antes do próprio Jesus vir ao mundo. Era a época da travessia do deserto, etapa necessária para que Israel chegasse à Terra Prometida. Israel havia perdido a paciência com Deus. Ora, o deserto, por si só, é um lugar difícil, cheio de pedras, cobras e escorpiões. Mas o que torna o deserto mais difícil é a maneira como o encaramos. Se Deus não afastou as serpentes venenosas do caminho de Israel foi para lembrá-lo, e também a nós, de que as dificuldades, os perigos e as ameaças sempre estarão presentes no caminho, e é impossível percorrer o caminho da vida sem nos ferir. Deus é Pai, um Pai que não está preocupado que nós, Seus filhos, passemos pela vida sem nos ferir. Ele, como Pai, está interessado em ver como nós lidamos com as nossas feridas. A questão é saber o que as nossas feridas nos dizem: estou ferido porque me afastei do caminho de Deus? Estou ferido pela minha impaciência e pela minha falta de fé? Estou ferido porque tenho que lutar contra mim mesmo para vencer a tentação de desistir? O sinal da serpente de bronze levantada no deserto convidou Israel a levantar os olhos para Deus como Aquele que cura as feridas: "Eu sou o Senhor que te cura" (Ex 15,26); "É ele quem perdoa todas as tuas faltas e cura todos os teus males" (Sl 103,3); "Ele cura os corações despedaçados e cuida dos seus ferimentos" (Sl 147,3). Mas foi preciso que a humanidade esperasse pelo diálogo de Jesus com Nicodemos, para entender o sentido da imagem do Crucificado. Este é o significado do crucifixo: a proclamação visível de que o Pai "amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16). O crucifixo é a proclamação do amor incondicional do Pai por todo ser humano. Amor incondicional significa: "amo você, meu filho, estejam as coisas andando bem ou não, consiga você sentir-se amado ou não". A cruz de Cristo é a resposta a uma pergunta de fé: até onde Deus ama? Até onde Deus me ama? Até o fim! (cf. Jo 13,1). Um dia, partilhando minha crise de fé na vida de oração, eu disse a uma irmã religiosa que Jesus tinha uma vida íntima com o Pai, na oração, porque Ele sempre se sentiu amado pelo Pai. Então, a irmã me perguntou: "na cruz Jesus se sentiu amado pelo Pai?". Hoje percebo que é natural que a imagem da cruz diga cada vez menos para nós. Se não nos importamos que ela seja aos poucos retirada do alcance da nossa visão é porque a maioria de nós, cristãos, sabe teoricamente que Deus nos ama, mas não nos sentimos efetivamente amados por Ele. A proclamação de que Deus nos ama a ponto de entregar Seu único Filho pode até ter entrado em nossa cabeça, mas ela ainda não desceu até o coração de muitos de nós. Mas aqui é importante lembrar que o amor de Deus por nós não depende daquilo que sentimos, e sim daquilo que cremos. Jesus sempre viveu em comunhão com o Pai, sentindo-se amado por Ele, mas na cruz gritou: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27,46; Sl 22,2). Jesus morreu rezando as palavras do salmo 22, o mesmo salmo onde lemos mais abaixo: "ele (Deus) não ocultou do pobre a Sua face, mas ouviu-o, quando a Ele gritou" (v.25). Pode até ser que, na sua experiência de cruz, você não se sinta amado por Deus. Mas isso não significa que Ele não ama você; não significa que Ele não conheça a sua ferida e não escute o seu clamor... Então, motivado pela Exaltação da Santa cruz, você pode, a cada dia dessa semana, fazer um exercício espiritual. Dedique ao menos 10 minutos diários para essa oração. Procure um lugar e coloque-se numa posição em que se sinta confortado, feche seus olhos, mentalize a imagem de Cristo crucificado e, acompanhando o ritmo da sua respiração, diga: "Pai, que o meu coração se convença do Teu amor por mim!". Ou, lembrando que o Pai reconciliou em Cristo todos os seres, os da terra e os do céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz (cf. Cl 1,20), diga: "Tudo está reconciliado, tudo está pacificado, tudo em minha vida está abraçado e curado, Pai, por Teu amor incondicional". Repita essa ou outra oração que o Espírito suscitar em você; repita como se fossem gotas de um remédio que você permite que Deus derrame sobre as feridas que as serpentes do caminho da vida abriram em você...
Uma boa oração e uma boa semana!
Pe. Paulo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O dinheiro é meu pastor; nada me falta.

03 de junho de 2008. O jornal da Gazeta noticia que quatro jovens de uma igreja chamada Geração Jesus Cristo invadem um centro de umbanda na cidade de São Paulo e quebram todas as imagens, gritando: “Demônio! Demônio!”. O acontecimento levanta a acusação de idolatria que muitos evangélicos fazem a nós, católicos, apoiando-se em Mt 4,8-10. Uma vez que neste texto bíblico o diabo oferece a Jesus todos os reinos do mundo e sua riqueza, desde que Jesus se prostre diante dele para adorá-lo, alguns pregadores ensinam em suas igrejas que não se deve prostrar diante de nenhuma imagem porque por trás dela está o demônio.
O nosso problema diante da Palavra de Deus é filtrarmos um mosquito e engolirmos um camelo, como disse Jesus (cf. Mt 23,24); o nosso problema é ficarmos presos à letra, sem compreender o espírito do texto bíblico. Para uma boa parte de cristãos não católicos, a idolatria se resume a imagens. Para a Sagrada Escritura, a questão é bem mais profunda. Se toda imagem fosse um ídolo, Deus não teria mandado Moisés construir duas imagens de anjos para colocar sobre a tampa da Arca da Aliança (cf. Ex 25,17-22), nem mandado fazer a imagem de uma serpente de bronze (cf. Nm 21,4-9), e permitido que Salomão fizesse doze imagens de touros para colocar sobre elas o tanque dos sacrifícios no Templo que o mesmo Deus aceitou como Sua casa (cf. 1Rs 7,23-26; 9,3).
Quando olhamos para o texto de Lc 4,5-8, vemos que, de maneira escancarada, o diabo fala da riqueza do mundo como sendo sua: “Eu te darei todo este poder com a glória destes reinos, porque ela me foi entregue e eu a dou a quem eu quiser”. Não foi à toa que Jesus sempre nos alertou contra o perigo das riquezas, dizendo que não podemos servir a Deus e ao dinheiro (cf. Mt 6,24); que uma pessoa rica dificilmente entrará no Reino dos Céus (cf. Mt 19,23) e que devemos tomar muito cuidado com a falsa segurança que os bens materiais nos oferecem (cf. Lc 12,13-21). Ainda que alguns pregadores repitam aos quatro ventos que a Bíblia contém mais de 2.500 promessas de prosperidade, nenhuma delas pode cancelar o que Jesus nos diz a respeito das riquezas. Deus não pode se contradizer.
A atitude daqueles quatro jovens demonstra que é muito fácil quebrar imagens: elas são feitas de barro. O difícil é reconhecer a idolatria que mora dentro do coração humano e que, especialmente hoje, faz da religião não um caminho de conversão ao Deus vivo e verdadeiro, mas um caminho para a prosperidade. Enquanto a boca de muitos “convertidos” proclama “O Senhor é meu pastor; nada me falta” (Sl 23,1), o coração e as atitudes deles declaram “O dinheiro é meu pastor; nada me falta”. É fácil não se prostrar diante de imagens; difícil é não se prostrar diante da teologia da prosperidade; difícil é não se prostrar diante do fascínio do dinheiro, o ídolo do mundo moderno; difícil é digerir a denúncia da hipocrisia feita por Paulo aos religiosos de seu tempo, que abominavam os ídolos, mas despojavam seus templos (cf. Rm 2,22) – o que equivale à atitude daqueles que hoje desprendem certos versículos bíblicos de seu contexto para fazer propaganda de enriquecimento fácil.
Enquanto nós, cristãos, ainda brigamos uns com os outros usando versículos bíblicos como armas, a maior parte da humanidade padece debaixo de inúmeras injustiças sociais. O que se espera de um discípulo de Jesus Cristo não é a visão míope de quem enxerga o demônio numa imagem de barro, mas a visão profunda de quem enxerga por detrás da fome, do sofrimento e das injustiças sociais, o demônio chamado “ganância material”, “idolatria do dinheiro” ou “idolatria do mercado”. Não é nas casas de umbanda que Jesus Cristo espera que entremos, mas na consciência de todas as pessoas que, mesmo se declarando religiosas, fazem de tudo para prosperar e pouco ou nada fazem para tornar o mundo mais humano e mais justo. É na consciência dessas pessoas que estão os ídolos mais imundos, não nas casas de umbanda.
Pe. Paulo Cezar Mazzi.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sacramentos do Espírito Santo - Sabedoria

Sabedoria - O segundo favor que o divino Espírito destinou à alma que lhe é fiel na ação é o dom de Sabedoria, ainda superior ao de Inteligência. No entanto, está ligado a este último no sentido de que o objeto mostrado na inteligência é saboreado e possuído no dom de Sabedoria.

O Salmista, convidando o homem a se aproximar de Deus, recomenda-lhe o sabor do soberano Bem. "Provai, diz ele, e experimentai que o Senhor é cheio de doçura". A santa Igreja, no próprio dia de Pentecostes, pede a Deus para nós o favor de provar o Bem, recta sapere, porque a união da alma com Deus é antes uma experiência do gosto do que uma visão, a qual seria incompatível com nosso estado presente. A luz dada pelo dom de Inteligência não é imediata, ela alegra vivamente a alma e dirige seu sentido para a verdade; mas tende a se completar pelo dom de Sabedoria que é como se fosse seu fim.

A Inteligência é então iluminação e a Sabedoria é união. Ora, a união com o soberano Bem se realiza pela vontade, quer dizer pelo amor que reside na vontade. Notamos essa progressão nas hierarquias angélicas. O Querubim refulge de inteligência, mas acima dele ainda está o Serafim abrasado. O Amor é ardente no Querubim, assim como a inteligência esclarece com sua luz viva o Serafim; mas um é diferenciado do outro pela qualidade predominante e o mais elevado é aquele que atinge mais intimamente a divindade pelo amor, aquele que saboreia o soberano Bem.

Que com o auxilio do Espírito Santo, que nos concede seus dons a qualquer hora, nós consigamos vencer a presença do inimigo em nosso coração e consigamos nos apartar das forças do malígno, transbordando nosso coração com as bênçãos que Deus derrama a todo instante. Que sempre tenhamos a certeza de não estarmos sozinhos, pois o Senhor disse:

" Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta?
Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas?
E mesmo que ela o esquecesse, eu não o esqueceria. (Isa 49, 15)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Posicionar-se diante da própria cruz

Palavra de Deus: Romanos 12,1-2; Mateus 16,21-27

Há alguns dias atrás, Jesus nos confrontou com uma pergunta: “quem eu sou para vocês?”. Nós vimos que a resposta a essa pergunta não nasce da nossa cabeça, mas do nosso coração, pois Jesus não é uma teoria, uma doutrina, mas uma pessoa com quem nos encontramos, uma pessoa que fala ao nosso coração, de modo que nossa vida reencontre o seu sentido. Mas o evangelho de hoje nos mostra que Jesus não nos fala aquilo que gostaríamos de ouvir; ele nos fala aquilo que precisamos ouvir.

Pedro não gostou de ouvir Jesus falar de ter que “sofrer muito”, “ser morto” e de “ressuscitar no terceiro dia”. Embora Pedro tivesse respondido corretamente quando Jesus perguntou “Quem eu sou para vocês?”, ele tinha idéias erradas sobre aquilo que pensava a respeito de Jesus. Da mesma forma, nós temos muitas idéias distorcidas a respeito de Jesus Cristo e da nossa própria vida de fé. Quase que instintivamente, nós vemos a religião como algo que nos faz sentir melhores, algo que nos dá paz, ânimo e força para resolver nossos problemas. Embora isso até possa acontecer, não acontece da maneira como pensamos ou desejamos.

Jesus precisou corrigir a visão que Pedro tinha dele: “você não pensa as coisas de Deus, mas, sim, as coisas dos homens”. O próprio Deus já havia dito pelo profeta Isaías: “Os caminhos de vocês não são os meus caminhos... Os meus pensamentos estão muito acima dos pensamentos de vocês” (Is 55,8). Isso significa que nós não estamos tão errados quando buscamos felicidade, bem estar, cura e paz para a nossa vida. O nosso erro está em pensar que essas coisas vão acontecer conforme nós achamos que devem acontecer, como se fôssemos nós a ensinar a Deus a maneira certa de Ele agir em nossa vida. Com muito custo, e não sem sofrimento, nós vamos entendendo que Deus tem outros caminhos para fazer a sua graça chegar até nós.

“Você não pensa as coisas de Deus, mas, sim, as dos homens”. Deus tem uma maneira diferente de ver as coisas. Para Ele, a vida é um dom; para nós, algo do qual nos apossamos. Para Ele, o sentido da vida está em doar-se, fazendo algo em favor daqueles que não têm vida; para nós, está em acumular bens em vista de garantir nossa felicidade de maneira egoísta. Para Ele, o mais importante não é eliminar a cruz, mas aprender dela que a vida comporta sofrimento, renúncia, sacrifício, luta, fidelidade; para nós, o mais importante é tirar a cruz do nosso caminho e alcançar um estado de vida onde não haja mais dor, onde não tenhamos que renunciar a nada, nem lutar, nem pagar o preço da fidelidade.

Jesus, por meio do evangelho de cada dia, não nos fala aquilo que gostaríamos de ouvir, mas aquilo que precisamos ouvir. A cada um ele diz: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. A primeira questão é querer seguir. Você é discípulo de Jesus Cristo não quando O segue por tradição, mas por um desejo pessoal, por uma convicção do seu coração. Você se torna discípulo quando compreende que Jesus Cristo tem não somente as respostas para as suas perguntas, mas principalmente as perguntas que te levam a um questionamento mais profundo sobre o sentido da sua própria vida. A segunda questão é renunciar a si mesmo, no sentido de não pautar a sua vida pelo seu egoísmo, mas por aquilo que Jesus tantas vezes no evangelho chama de “fazer a vontade do Pai”.

A terceira questão é entender a cruz não como dois pedaços de madeira que pesam sobre seus ombros, mas como a situação de vida onde você se oferece como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; como a atitude de não aceitar que o mundo te deforme (te dê a forma corrompida, adulterada e profanada, próprias do mundo), mas de procurar transformar-se, renovando a sua maneira de pensar e de agir, a fim de que você faça aquilo que Deus considera bom, agradável e perfeito (cf. Rm 12,1-2). Por fim, a quarta questão é seguir Jesus deixando seu evangelho orientar as nossas atitudes, o que significa pagar o preço de sermos seus discípulos, sofrendo as mesmas perseguições que Ele sofreu, mas com Ele sermos fiéis à vontade do Pai até o fim.

O modo como o evangelho de hoje termina nos ajuda a entender que o resultado final da nossa vida não dependerá do fato de termos conseguido eliminar a nossa cruz, mas da maneira como lidamos com ela. Na verdade, não existem duas cruzes – a de Jesus e a nossa – mas uma só cruz: a de Jesus, da qual comungamos pela nossa identidade de discípulos seus; na qual nos oferecemos como Ele se ofereceu, pela redenção do mundo.
Deus te abençoe na fidelidade à sua própria cruz!

Pe. Paulo.